Insatisfação crônica
- thaissbittencourt
- 28 de mar. de 2016
- 2 min de leitura
Eu amo Woody Allen. Não tem jeito. Tudo que ele produz eu quero ver. Desde filmes mais leves como "Escorpião de Jade", até os mais tensos, no estilo tragédia grega como "Match Point". Mas hoje vou comentar sobre o meu preferido: "Vicky Cristina Barcelona". Que filme! Fotografia belíssima, histórias nos moldes loucos de Allen, personagens fáceis de se identificar e atuações memoráveis. E claro, seu alter ego. No caso, Vicky, interpretada muito bem por Rebecca Hall. No elenco destacam-se também Javier Bardem, super charmoso como Juan Antonio, Scarlett Johansson que também se mostra à vontade como a insatisfeita e impulsiva Cristina e Penelope Cruz. Nem é necessário dizer que é ela quem rouba a cena. Complicada, neurótica, maluca. Essa é Maria Elena.
Penelope ofusca todos a partir do momento em que entra em cena. Eu, que comecei a gostar de suas performances quando vi "Volver", concluí o quanto ela é talentosa. Parece que Woody Allen tem esse poder de extrair o melhor de seus atores. Não sei se pela direção "desleixada", os deixando improvisar, ou pelo simples fato de ele ser brilhante. O fato é que quase todos os atores querem trabalhar em seus filmes.
Na história, Vicky e Cristina são amigas que vão passar as férias de verão em Barcelona. Vicky está noiva e é sensata nas questões do amor. Cristina é pura emoção. Durante uma exposição de arte, as duas se encantam pelo pintor Juan Antonio, que as convida mais tarde, durante um jantar, para uma viagem. O que elas não sabiam é que ele mantém um relacionamento problemático com sua ex-esposa Maria Elena. E as coisas ainda ficam piores porque as duas, cada uma de sua forma, se interessam por ele, dando início a um complicado "quadrado" amoroso.
O cinema característico de Allen está fortemente presente. Pessoas neuróticas e indecisas, questões existencialistas e certezas estilhaçadas. Ninguém está satisfeito e nem próximo disso. Como a vida, nada é imutável. Com seu humor sarcástico e refinado, o diretor retrata tudo isso. Sendo uma comédia, faz parecer mais leve. No entanto, como no final do filme, você pode sair do cinema ainda mais confuso do que quando entrou. Mas nada como uma confusão no estilo Woody Allen, não é?
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